Conheça a Estrada Real
Há mais de três séculos, uma das maiores reservas de ouro e diamante do mundo foi descoberta no Brasil. Tamanha riqueza chamou a atenção da Coroa Portuguesa, e em pouco tempo surgiram caminhos oficiais ligando Minas Gerais aos portos do Rio de Janeiro.
As trilhas que foram delegadas pela realeza ganharam o nome de Estrada Real. Hoje, ela resgata as tradições do percurso valorizando a identidade e as belezas da região.
No texto a seguir, você confere o relato da Eliane Leite, Diretora da Adventure Club, em sua experiência pelo Caminho dos Diamantes, um dos caminhos da Estrada Real.
Conheça nossos pacotes de viagem para Estrada Real
Texto escrito por Eliane Leite, Diretora da Adventure Club
Viajando pela Estrada Real: história, turismo e natureza
Quer saber três coisas que eu amo? História, viagens e natureza. Acho que por isso que essa experiência teve um gostinho tão especial para mim.
Para quem não sabe, a Estrada Real é a maior rota turística do país! São mais de 1.630 quilômetros de extensão, passando por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, e o percurso é dividido em quatro caminhos principais: Diamantes, Novo, Velho e Sabarabuçu.
Parcerias com propósito… Não tem como dar errado!
Não me recordo como fiquei sabendo deste programa da Estrada Real, nem quando exatamente conheci o nosso parceiro lá de Minas, mas acredito que a razão tenha sido a tão famosa Lei Universal da Atração.
Há um tempo, tenho me dedicado a entender mais sobre nossa história, sobre o nosso Brasil. Sempre fui muito patriota, amo esse lugar, amo estas pessoas (erradas ou certas como são), acredito que não à toa voltei nessa vida para cá, se é que você acredita nisso, mas independente eu sinto gratidão por isso.
Pois então, foi assim, de uma forma meio inesperada, que nos encontramos e conversamos sobre esse programa lindo e mágico pela nossa Estrada Real. Uau! Logo de cara, fiquei encantada e já quis saber mais.
Agendamos treinamentos, fizemos uma live pelo Instagram e então “me convidei” para conhecer pessoalmente o roteiro, a logística, a rota, os detalhes, enfim, tudo que fizesse parte da programação, pois, claro, a ideia é passar adiante o que é bom e o que realmente amamos fazer.
A viagem teve início no dia 22 de Janeiro de 2022. Eu e a nossa gestora de marketing embarcamos com destino a Belo Horizonte, e lá no dia seguinte começaria nossa expedição de 4×4 pela Estrada Real, no Caminho dos Diamantes, que vai de Diamantina a Ouro Preto em sete dias de viagem.
Antes de tudo, não podemos nos esquecer de fazer um cadastro no Instituto Estrada Real para receber o Passaporte Estrada Real. Com ele em mãos, vamos registrando os lugares por onde passamos durante a rota e, no final, recebemos o Certificado de Conclusão da Estrada Real. No nosso caso, o Caminho dos Diamantes.
Saiba mais sobre a história e os caminhos da Estrada Real
Caminho dos Diamantes: de Diamantina a Ouro Preto
Nossa viagem começou em Diamantina, cuja fama começa com a descoberta de diamantes por volta de 1730. A cidade mescla história e modernidade através de suas igrejas centenárias, artesanatos fascinantes e casarios coloniais, sendo estes locais que serviram de moradia para importantes personagens da história mineira.
O caminho dos escravos, as belas grutas e cachoeiras entre Diamantina e São Gonçalo do Rio das Pedras, a singularidade, mais do que especial, é representada pela própria estrada, toda esta percorrida no alto da Serra do Espinhaço, tornando o belo caminho um local obrigatório para fotos e banhos em suas cachoeiras. Além disso, o imponente Pico do Itambé acompanha o percurso, sendo um ponto de referência de grande beleza. É de tirar o fôlego!
Detalhes preciosos pelo caminho — e não estou falando de diamantes!
A presença dos povoados ao longo do caminho garante tranquilidade, além de se tratarem de locais realmente fascinantes. Um deles, o povoado de Milho Verde, que surgiu no século XVIII, promove um apelo bastante histórico, com a presença de um registro, espécie de alfândega que controlava a passagem de pessoas e ajudava a combater o contrabando, além de um turismo bem organizado, com locais adaptados para acolher nós turistas de uma forma bastante agradável, garantindo uma estada perfeita em um local muito charmoso.
Ainda em Milho Verde, encontramos uma paisagem deslumbrante: a vista que se tem por trás da Capela do Rosário, com o pano de fundo panorâmico de vales e montanhas.
O caminho continua para a cidade do Serro, que surgiu com a vinda dos bandeirantes no século XVII na busca por ouro, tornando a mesma um grande centro econômico e político da capitania de Minas Gerais. Hoje em dia, abriga inúmeros casarios e igrejas coloniais, que são os principais atrativos da cidade. Entre ladeiras e morros, a antiga Vila do Príncipe do Serro Frio hoje se destaca pela produção do queijo minas artesanal e declarado Patrimônio Imaterial de Minas Gerais.
O dom e a arte de contar histórias…
Acredito que pela extensão do percurso, muita gente pensa que é um trajeto complicado de ser feito. É claro que isso pode variar, considerando as diferentes formas de fazer essa viagem, mas vou falar a partir da minha experiência, com o programa que nós da Adventure Club oferecemos aos nossos clientes.
É cansativo? Não. Tem muitas paradas ao longo do caminho? Nos lugares e com pessoas especiais que tocam nosso coração! Troca de hospedagem a cada dia? Sim, mas esse pequeno “desconforto” é superado por todas as atividades e vivências que temos ao longo dos dias. As paisagens, as pessoas, as comidas, a boa prosa…
São surpresas e mais surpresas durante o trajeto, e no meu caso o que mais me brilhou os olhos foi toda história, ali na minha frente, sendo contada por especialistas e ainda mais apaixonados pelo nosso Brasil do que eu. Especialistas que nasceram e cresceram na região, e hoje fazem questão de compartilhar com os visitantes alguns dos capítulos mais importantes dessa história.
E assim seguimos dia a dia, com cachoeiras, trilhas, paisagens deslumbrantes e pessoas iluminadas pelo caminho. As energias vão sendo renovadas, as fotos sendo compartilhadas, as risadas e novas amizades sendo feitas, e, claro, os diversos cochilos entre uma parada e outra.
Em Conceição do Mato Dentro saímos bem cedinho para chegar até a parte alta da maior e mais bela Cachoeira de Minas Gerais: a Cachoeira do Tabuleiro. E no vilarejo de Cabeça de Boi, já em Itambé do Mato Dentro, visitamos o Santuário das Águas Minerais para conhecer a famosa Cachoeira do Intancado e a peculiar Cachoeira das Maças. Todas super convidativas para um banho refrescante!
Para (quase) fechar a viagem com chave de ouro: Santuário do Caraça
Além de muito mais que a viagem realmente possui e que não haveria como explicar em uma folha de papel ou mesmo num vídeo, e sim vivendo realmente esta experiência, o que marcou e fechou a viagem com chave de ouro foi a pernoite no Santuário do Caraça, situado entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara.
O que é o Santuário do Caraça?
O Santuário do Caraça é uma propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão de 12.745 hectares; um “centro de espiritualidade e missão, de cultura e educação, de conservação ambiental, lazer e turismo”.
É ainda uma instituição católica, da família Vicentina; centro de peregrinação, cultura, educação, turismo e ecologia; Reserva Particular do Patrimônio Natural, componente da APA Sul da RMBH e da Reserva da Biosfera; centro de educação ambiental e de produção do conhecimento científico; Patrimônio Cultural do Brasil; uma das 7 Maravilhas da Estrada Real e um empreendimento múltiplo (pousada, restaurante, lanchonete, loja e atrativos naturais e culturais) que gera emprego direto para cerca de 70 moradores da região na qual se insere.
No Conjunto Arquitetônico do Santuário do Caraça, estão a igreja neogótica, o prédio do antigo colégio (hoje museu e biblioteca) e a pousada com 54 apartamentos. Na área de manejo, estão localizadas a Fazenda do Engenho, o Buraco da Boiada e a Fazenda do Capivari.
O Santuário do Caraça oferece uma série de aventuras para seus visitantes, com trilhas para vários locais, desde cachoeiras até grutas e picos.
Informações retiradas do site oficial do Santuário do Caraça
Lobo-Guará no Caraça
Além das atrações acima descritas, o Santuário do Caraça proporciona uma outra experiência um tanto quanto inusitada. Quem escolhe passar a noite por lá tem a oportunidade de presenciar a visita do lobo-guará, que sobe as escadarias em frente à igreja para se alimentar.
A tradição de aguardar a visita do lobo começou em 1982, quando algumas lixeiras começaram a aparecer reviradas e derrubadas. Quem descobriu que se tratava do Guará foi o Padre Tobias, que teve a ideia de colocar uma bandeja de carne na frente da igreja e observar qual era o animal que se aproximaria.
Esse evento acabou tornando-se uma tradição e hoje é um dos principais atrativos do Caraça, conhecido como a “hora do lobo”. Enquanto os hóspedes aguardam pela visita do animal (que pode acontecer ou não), recebem instruções para não se aproximar, evitar barulhos altos e movimentos bruscos.
Conforme informa o Santuário, “a prática de alimentar os lobos no Caraça só persiste até os dias atuais porque o seu hábito de caça não foi comprometido. Por este motivo o lobo-guará não tem hora para aparecer.”.
Muito bacana, né?
Agora sim… Última parada: Ouro Preto
Fechamos a viagem na majestosa Ouro Preto. Chegamos no final do dia, cansados sim, exaustos nunca, e, então, tivemos uma manhã de sábado linda e cheia de surpresas.
Ouro Preto é repleta de minas de ouro — algumas abertas à visitação. Esse não é um tipo de passeio legal, mas sim importante de se fazer. Entrar nas minas nos permite ter uma pequena (bem pequena) noção do quanto os escravos sofreram.
Visita à Mina Santa Rita
A Mina Santa Rita, uma das mais antigas de Ouro Preto, fica na região do sítio arqueológico de Padre Faria. A estrutura foi feita por negros do sul da África, especialmente da região do Congo, e ainda não se encontrou o final do labirinto!
Nós a visitamos junto com o nosso parceiro Jeferson, que nos deu uma verdadeira aula, com um toque de humor e uma boa pitada de expressões usadas no nosso dia a dia, que muitas vezes nem imaginamos de onde surgiram.
Igrejas do Pilar e São Francisco de Assis
Caminhar pelas ruas de Ouro Preto, pavimentadas com pedras irregulares, é ir ao encontro das obras do Aleijadinho e das histórias da Inconfidência Mineira.
Sem palavras para explicar o que é adentrar reverenciadas igrejas, como a Basílica Matriz de Nossa Senhora do Pilar com seu interior todo banhado a ouro, e a Igreja de São Francisco de Assis, construída em estilo Barroco, com elementos decorativos Rococó.
O que ficou dessa experiência?
A certeza de que o melhor investimento são as recordações das viagens mágicas que trazemos conosco em nossa bagagem. Viagens, essas, que vão muito além do simples pisar em um novo lugar; são viagens que realmente conectam e transformam.
Quer conhecer a Estrada Real?
Junto com o nosso super parceiro de Minas, montamos um roteiro exclusivo para aqueles que querem viver uma experiência autêntica na Estrada Real. Todas as preciosidades que a região tem a oferecer com todo o conforto que faz a experiência ser ainda melhor.
Clique aqui para conhecer detalhes do roteiro e venha se surpreender pela Serra do Espinhaço!