Ontem, enquanto dirigia pela Avenida Paulista, do escritório para casa, reacenderam memórias da minha última viagem, uma das mais gostosas, engraçadas, produtivas e perfeitas que já fiz. E olha que eu costumo dizer que não existe nada perfeito, que tudo está em constante melhoria, mas acho que, nesse caso, vou abrir uma exceção e a definir como a “viagem perfeita”.
Essa viagem foi perfeita porque uniu diversos pontos que para mim são muito importantes: trabalhei, pratiquei idiomas diferentes, fiz atividade física, conheci lugares lindos, estive entre amigos, dei risada, brinquei, dancei, eu fui eu. E exatamente por isso, por essa viagem ter me permitido em todos os momentos ser da forma como sou, ela foi perfeita. Quando você está em um lugar que te inspire a ser 100% você, você está no lugar certo.
Me vi muito mais “preocupada” em fazer o meu melhor, pedalar melhor, rir melhor, falar melhor, fazer melhores negócios para a minha empresa, ser uma melhor companhia. Não que eu seja diferente no escritório, na academia, num restaurante com os meus amigos ou em casa com o meu marido e as minhas filhas. Não é isso que eu quero dizer. Mas durante uma viagem, você genuinamente enxerga aquilo que tem dentro de você – se você estiver aberto a isso.
Ninguém te julga, ninguém te questiona, ninguém está preocupado com as suas atitudes (e se estiver, também, você acaba nem ligando). Acho que quando alguém te olha ou você olha alguém, rola muito mais uma questão de “curiosidade”, identificação e conexão do que qualquer outra coisa. É gostoso observar as pessoas e imaginar que vivências, sensações e sentimentos ela traz dentro de si.
Em um dia da viagem, por exemplo, sentei para comer uma empanada e tomar uma cerveja sozinha. Ao meu lado, estava sentada uma senhora também sozinha, lendo seu livro, fumando seu cigarro, tomando seu vinho. Fiquei pensando… Como será que foi a vida dela até agora? Quantas escolhas teve que fazer? Quantos amores, quantos deveres, quantas experiências? Será que ela tem filhos? Será que ela também gosta de viajar?
Acredito que as viagens nos dão todos os caminhos para sermos quem realmente somos ou quem queremos ser. As viagens nos melhoram, nos inspiram, nos motivam e nos transformam. Viajando, vejo que nada é permanente, que tudo está de passagem e em constante transformação. Nada vai ser igual, tudo vai ser diferente e para melhor – depende do seu olhar, das suas referências, com o que você está comparando.
Vejo que muita gente deixa de viajar porque tem medo ou não tem companhia, mas quer melhor companhia do que si mesmo? Existe uma melhor oportunidade para conhecer mais intimamente os próprios pensamentos, vontades, crenças, qualidades? Será que o medo é de viajar e se perder ou viajar e se encontrar?
Ir é bom demais. E ter para onde voltar é melhor ainda.
É saber que quando você chegar em casa terá alguém (ou alguéns) que te amam te esperando, que você tem pessoas brilhantes trabalhando com você, que você tem amigos de verdade que vão querer ouvir como foi a sua viagem. E seu olho irá brilhar ao contar como foi. Porque foi de verdade!
Cheguei aqui muito mais leve e ao mesmo tempo muito mais forte. Parece que tomei um choque de energia boa, de bençãos, de realizações. Vejo o quanto sou abençoada por poder viver essa e tantas outras experiências maravilhosas pelo mundo. Se eu pudesse descrever como estou hoje, acho que seria anestesiada, ainda tentando encontrar palavras para expressar tudo que venho sentindo. Eu sei que sempre que eu viajar vou voltar para casa de uma forma diferente. E que assim seja!
Uma aventura de bike de Salta a Cafayate, passando por Purmamarca, Salinas Grandes, San Antonio de los Cobres e Cachi
Chegamos em Salta dia 12 de outubro (existem voos diretos de São Paulo a Salta em alguns dias da semana) e no dia seguinte partimos cedinho de carro para La Caldera. De lá, demos início ao nosso pedal, indo de bike até Purmamarca, uma cidadezinha bem pequena e muito bonita, onde tem as famosas montanhas coloridas. Me lembrou San Pedro do Atacama há alguns anos antes do turismo chegar com força.
Gostei tanto de lá que, se pudesse, com certeza teria ficado um dia a mais.
No dia seguinte, saímos cedo novamente de bicicleta, já numa altitude maior, de Purmamarca para Santo Antonio de los Cobres, uma cidade de mineradores bem alta e bonita. As montanhas já não têm tantas cores, e o cenário é mais deserto. Antes de chegarmos a San Antonio de los Cobres, de onde sai o famoso Trem das Nuvens (nós não fizemos esse passeio), passamos pelas Salinas Grandes.
No terceiro dia, continuamos pela Rota 40, a mais longa da Argentina. Subimos de carro a 4.995m, onde pedalamos das altas montanhas ao Vale Calchaquí. Nessa região, fica o Parque Nacional los Cardones, com seus enormes cactos. Para mim, esse foi o lugar mais bonito pelo qual passamos. Chegamos em Cachi, uma pequena cidade, para depois chegarmos em Cafayate, onde nos encontramos para o evento da Remote La.
Cinco dias em Cafayate celebrando com a Remote La
Os últimos cinco dias em Cafayate foram dedicados a encontros promovidos pela Remote La, “uma comunidade que reúne os hoteleiros mais criativos e especialistas locais da América Latina com os designers de viagens mais inovadores do mundo”.
Conheci donos de hotéis lindos na Costa Rica, como o El Silencio, o Paul, que pedalou durante os quatro dias conosco e que é um super operador de programas de aventura no Peru, os amigos de anos de parceria como o Andrés e o Enrique do Mountain Lodges of Peru, a Petit, fundadora de um projeto lindo no hotel Sol y Luna que ajuda a comunidade no Vale Sagrado, e muitas outras pessoas encantadoras e inspiradoras, tanto como pessoas quanto como profissionais.
Isso é o mais bacana da Remote… Os eventos não focam exclusivamente nos negócios, mas sim em grandes parcerias, trocas, conversas, amizades… O olho no olho, que eu tanto prezo. Depois das reuniões, se é que podemos chamá-las assim, fechamos mais uma vez com uma super festa, com todo mundo dançando e se divertindo.
Sou eternamente grata a vocês, equipe Remote, por me proporcionarem experiências tão incríveis em lugares tão remotos. Sou grata por todos os convites desde a primeira edição, pela confiança em meu trabalho, pelo carinho que vocês têm comigo e pela oportunidade de estar entre amigos e novos amigos a cada evento realizado.
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