Texto escrito por Luciana Sassaron, Assistente de Operações da Adventure Club
Quando a Eli me mandou mensagem num sábado à noite perguntando se eu tinha disponibilidade na data da Famtour para Aparados da Serra, eu não acreditei! Por exclusão, acabou ficando pra mim representar essa viagem, parecia que o universo estava conspirando para eu ir na viagem que mais me transformou até agora.
Fiquei super ansiosa, um mix de medo, tensão e adrenalina, já que foi minha primeira Famtour. Não conhecia ninguém do grupo e fiquei aflita do meu corpo aguentar tantos quilômetros de trilha.
Quando cheguei, encontrei o grupo no aeroporto e partimos. No começo, cada um ficou na sua, mas logo depois, jamais imaginaria isso, ficamos todos amigos, com piadinhas, risadas e muita conversa. Acabamos nos conectando e nos conhecendo tanto nesses dias, que nos tornamos amigos íntimos e com um carinho e respeito pelo outro imensos.
Aparados da Serra: um destino para quem deseja se conectar com a natureza
O primeiro dia do roteiro foi como planejado, acordamos de madrugada para ter a experiência de tomar café da manhã no topo de um dos cânions de Cambará do Sul: Índios Coroados. O dia estava perfeito, céu limpo, não estava tão frio, e aproveitamos o momento. Em seguida, fomos ao parque onde está situado o Cânion do Itaimbezinho. Fizemos 03 km de bike, e sempre o nosso guia contava algo relacionado à geografia e história do local. Aprendemos muito sobre a vegetação.
Após o almoço, fizemos o Circuito das Águas, com quatro horas de passeio em 4×4, visitando cachoeiras incríveis. O grupo ia se misturando e em cada momento sentávamos em lugares diferentes, mesclando para todo mundo se conhecer.
No segundo dia, tivemos alteração no roteiro por conta das condições climáticas. Fizemos passeio de quadriciclo e a cavalo debaixo de chuva e foi incrível! Acho que sem chuva não teria tanta graça e não seria tão radical e maluco como foi. Isso foi algo muito positivo, pois, mesmo em dias de tempo ruim, ainda era possível fazer outras atividades e vivenciar outras experiências.
Nos dias seguintes, começamos os trekkings mais pesados. Andávamos entre 12 e 15 km por dia. Fizemos a trilha do Cânion Fortaleza, e em São José dos Ausentes fizemos a do Cânion Montenegro e outras com cachoeiras.
Foi no meio da expedição que a temperatura caiu drasticamente, tivemos sensação térmica de -6 graus. Não estava esperando tanto frio, mas todas as hospedagens tinham lareira e aquecedores, então não foi um problema. Atravessamos também um rio para ver duas nascentes de rios opostos que se encontram em uma cachoeira. Estava sem coragem, mas subi a calça, tirei o tênis e fui.
Tivemos inúmeras experiências gastronômicas, degustação de cerveja e, em uma das noites, tivemos menu degustação feito por um chefe brasileiro que fez curso na França. Também tivemos a oportunidade de experimentar o famoso e típico churrasco de chão gaúcho. Os restaurantes tinham várias opções, e os lanches de trilha eram bem nutritivos. Uma das pessoas do nosso grupo era vegetariana e não teve nenhum problema com a alimentação, sempre tinha várias opções.
Em uma manhã fomos em uma queijaria artesanal, e fiquei emocionada com a história da família, foi algo que me tocou muito e me fez pensar sobre minha maneira de viver, em como temos um ritmo de vida acelerado em São Paulo e como muitas vezes damos valor a coisas não tão importantes.
Me fez repensar até meu consumo de carne e, desde que voltei da viagem, estou em processo de me tornar vegetariana. Ver os bezerros, segurar ovelhas no colo e ter contato com tantos outros animais me fez refletir de verdade sobre minha alimentação. A família da produção de queijo tem um método totalmente sustentável e que respeita as vacas e seus filhotes.
Por fim, no último dia, quando achávamos que o tempo não iria colaborar, nos surpreendemos e conseguimos fazer o passeio de balão. Foi perfeito, uma experiência incrível!
Me senti muito acolhida em todas as hospedagens em que ficamos, principalmente as familiares, onde os donos nos recebiam, nos abraçavam, e uma lareira quentinha sempre estava nos aguardando. Pessoas muito boas e com muito amor no que fazem. O legal é que vários guias da região foram um dia a Cambará a passeio, como turistas, se apaixonaram e voltaram para morar. Nunca me senti tão acolhida e querida por pessoas que nunca tinham me visto na vida.
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