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A região dos Lagos Andinos, localizada no sul do Chile na fronteira com a Argentina, é moldada por algumas das paisagens mais fantásticas da América do Sul. São lagos de águas azuis cristalinas, rios, fiordes, montanhas cobertas de neve, bosques e vulcões, além de igrejas seculares e outros monumentos e construções históricas. 

Se todo esse cenário já não fosse o bastante para atrair turistas, a região ainda proporciona uma rica imersão cultural e gastronômica a quem a visita. A influência das tradições alemãs e a base da cozinha indígena criam sabores tão únicos e marcantes, que os pratos locais são facilmente considerados atrativos à parte.

A Estela Rodrigues, nossa Consultora de Viagens, esteve por lá recentemente e nos enviou um lindo relato contando mais sobre essa experiência. Vamos acompanhar? 

Rios, lagos e vulcões no sul do Chile

Uma grande e inesquecível surpresa chamada Los Lagos

Texto escrito por Estela Rodrigues

Acredito que antes de começar a contar sobre a programação e as experiências que tive, vale dizer que os roteiros de forma geral para a região dos Lagos são muito contemplativos. Puerto Varas e Frutillar, com o lindíssimo Vulcão Osorno como plano de fundo, são as principais atrações — também há a possibilidade de atravessar para o lado argentino com o Cruce Andino. Esses roteiros são incríveis, mas são mais “tradicionais”.

Por que não um roteiro mais autêntico?

Não sei bem a razão, mas confesso que não fui com grandes expectativas, mesmo sabendo que a região era linda e cheia de atividades diferentes. Entretanto, todos os dias fui surpreendida. Aliás, todos os dias, em todos os lugares, com todas as pessoas… desde a atenção e o conhecimento dos guias até a receptividade do povo chileno, que sempre dá as boas-vindas com um pisco sour em mãos e demonstra muito carinho pelos brasileiros. 

Vou contar um pouco mais sobre esse meu roteiro, que achei bem diferente por diversas razões…  

Chegada e primeiro dia de passeio na Ilha Chiloé

Chegando em Puerto Varas, me desloquei até o Hotel Cabaña del Lago, que foi a minha casa nesses dias de viagem. Digo “casa” porque é exatamente assim que me senti por lá: em casa. Todos os apartamentos têm vista para o lago e também há opções de cabanas que atendem toda a família. 

É incrível porque em cada detalhe você percebe o carinho em transformar a hospedagem em uma verdadeira experiência e, ao mesmo tempo, o cuidado em proteger e valorizar a comunidade local. A filosofia do hotel “por um turismo com sentido” é realmente levada a sério. 

Ainda no dia de chegada, seguimos para a Ilha de Chiloé, no norte da Patagônia Chilena, um local pouco explorado turisticamente, mas que tem muito a oferecer. Não chegamos a entrar no Parque Nacional, mas fizemos visitas ao entorno com um guia local excelente, que em todo momento demonstrou muita paixão pelo que faz.

Chiloé tem alguns hotéis 5 estrelas — inclusive, trabalhamos com um deles: o Tierras Chiloé. A partir desses hotéis, é possível fazer diversas atividades na natureza, como cavalgada, trekking, passeios de bike, rafting, entre outras, além de experiências autênticas com a culinária local. 

E já que abordei o tema da culinária, neste dia tive meu primeiro contato com a gastronomia da região. Pude provar o famoso curanto, um prato feito sobre pedras quentes, que tem como principais ingredientes frango, linguiça, carne de porco, mariscos, batatas, repolho temperos e outras especiarias. 

Foi uma experiência muito bacana para sentirmos todo o ritual que envolve a preparação. É como se fosse a nossa feijoada aos domingos… Um momento para reunir toda a família, conversar e aproveitar o tempo com tranquilidade. 

Também provamos uma sobremesa deliciosa feita com maçã e uma frutinha vermelha chamada murta. Parecia que estávamos comendo um frasco de perfume, de tantos aromas diferentes e deliciosos que vinham dali. Realmente mágico! 

Ilha de Chiloé - Monumento da Deusa da Fertilidade

Misticismo, cultura e respeito às tradições

Ainda na Ilha de Chiloé, visitamos o Monumento da Deusa da Fertilidade. Diz a lenda que ela aparece para contar aos moradores como será a fartura nos próximos períodos. Então, dependendo da direção em que ela estiver (a favor ou contra a maré), já sabem o que o rio irá proporcionar a eles. Esse toque místico foi uma das coisas que mais me encantou em Chiloé e pude percebê-lo em diversos momentos.

Nos contaram, por exemplo, que já tentaram construir uma ponte de fácil acesso à Ilha (sem ser com os ferry-boats), mas que até hoje não deu certo porque sempre acontece alguma coisa: ou as ferramentas somem ou as pessoas se perdem ali no meio das construções. Segundo disseram, são os ancestrais protegendo a ilha para que ela continue preservada.

Isso realmente me tocou no fundo do coração e me fez ter ainda mais vontade de vivenciar aquele momento com muita intensidade. 

Ainda na Ilha de Chiloé, visitamos uma das diversas igrejas tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Todas foram construídas com madeira por conta da região, que é propícia a ter terremotos, e muitas com tetos arredondados porque os marinheiros que as construíram utilizavam os barcos nesse processo. 

Nessas igrejas, o que também achei bastante interessante foi observar a imagem de Jesus Cristo; sem sangue, sem semblante triste e sem estar crucificado. Pelo contrário, é uma imagem que dá paz e boas-vindas, assim como toda a Ilha de Chiloé. Uma magia que encanta, que faz você querer ficar mais tempo, olhar no olho de cada local de uma forma muito especial e agradecer pela oportunidade de estar ali.  

Lagos Lagos - Ilha de Chiloé

Segundo dia de passeio: Frutillar

No segundo dia, fomos para Frutillar, um percurso que levou um pouco mais de uma hora. Nossa primeira visita foi ao Teatro Del Lago, que é um espaço muito respeitado pelos chilenos e também reconhecido internacionalmente. De origem alemã, o local abriga crianças locais e  oferece aulas de arte, ballet, piano e música contemporânea. 

Conhecemos todo o Teatro e no final tivemos uma super surpresa em um cantinho em especial. Quando estávamos nesse ponto, nos contaram que, durante a construção, ali parecia ser um lugar “vago” até perceberem que tinha algo de diferente. Ao gritar uma palavra do centro desse local, o som ecoava de uma forma muito diferente, muito mais intensa que em qualquer outro lugar. 

Pudemos sentir essa “magia” na dinâmica que realizamos. Gritamos como se estivéssemos ecoando para o Universo o que queríamos. Fechamos com chave de ouro esse passeio pelo Teatro que ainda dá vista para o vulcão Osorno. Simplesmente incrível!  

Aventura para quem curte: Canopy

Saindo de lá, seguimos para o Canopy, uma tirolesa de 14 lances sob cânions com vista para o vulcão Calbuco. Como brinquei por lá, eram 14 chances de gritar, se extasiar e avistar toda a paisagem. Nós fizemos as cinco principais e foi uma experiência única. É basicamente impossível não sorrir, gritar, vibrar… sempre com muita alegria e satisfação. Uma sensação libertadora! 

Trabalhar com atividades de natureza é algo muito satisfatório. Quando eu vivenciei esse momento, percebi ainda mais que estou no caminho certo, fazendo algo que realmente me emociona e que também pode tocar o coração de muita gente. 

Para finalizar, fomos em uma cervejaria local, fundada por um canadense muito gente boa, que nos recebeu super bem. Por lá, são servidos hambúrgueres de todos os tipos e o que achei mais curioso é que, diferente daqui, eles são preparados com bife mesmo, a carne em pedaço. Uma experiência bem original e perfeita para o final da noite. 

Atividades de natureza somadas às programações culturais e gastronômicas só confirmam que temos que explorar mais — no bom sentido! — essa região fantástica chamada Los Lagos.

Terceiro dia de passeio: a experiência mágica da Casa Maquis

Neste dia, visitamos a Casa Maquis. Que experiência! Foi como entrar em uma casa de boneca, cheia de cores e detalhes. 

A Casa Maquis não é um restaurante, é a casa da Maquis! Ela recepciona os interessados dentro da sua própria casa. A primeira regra é não entrar com sapatos, então ela oferece meias de lã. Um momento de muita troca e imersão na cultura local. 

Tivemos a oportunidade de aprender a fazer empanadas chilenas salgadas e doces.  Mesmo eu, que quase nunca cozinho, aprendi a fazer a massa, a deixá-la no ponto, a dobrá-la… Tudo isso com a ajuda de todo o grupo, além da Maquis.

Tomamos chá e comemos murta (olha essa frutinha saborosa marcando presença de novo!) como aperitivo. Em seguida, uma sopa de mandioca, depois as empanadas que preparamos e, como prato principal, uma carne acompanhada de batatas. Como sobremesa, nossa empanada doce, que, modéstia à parte, ficou deliciosa! Também tivemos a grande felicidade de ouvir e apreciar uma das integrantes do grupo com sua linda voz. 

Uma experiência que vale muito a pena, num lugar super inóspito, onde tudo acontece na mais perfeita sintonia e tem como ingrediente principal o amor. Nunca comi carnes, saladas e frutas com gostos tão “puros”, como lá. Já tinham me falado que era impossível sair do sul do Chile com pelo menos 5 kg a mais e é verdade! Tudo é muito saboroso, com gosto de comida de verdade. 

Todos esses momentos só reforçaram que quando as coisas são feitas com carinho, amor e atenção, a experiência se torna outra! 

Los Lagos - Rafting

E mais um pouco de aventura para finalizar: o rafting no Rio Petrohue

Nos deslocamos até a base, onde pegamos a roupa para o passeio. Subimos para outra base e depois para outra até podermos realmente começar o rafting no Rio Petrohue que é super famoso na região. O guia nos passa as orientações, explicando em detalhes tudo que precisamos fazer.

É uma experiência muito legal porque é feita 100% em equipe. Se um não trabalha bem ou age de forma “errada”, o bote pode virar. Então é preciso prestar bastante atenção, se concentrar nas informações e, claro, curtir muito a experiência! 

A água é congelante, mas é tão divertido que você nem sente quando leva as trombas d’água no rosto. O rio é extremamente cristalino, então realmente é um momento para contemplar a natureza, aproveitar e agradecer pela oportunidade, interagir com o grupo e se permitir viver coisas novas. Nós fizemos o nível 4, um pouco mais radical.

Los Lagos - Rafting

Quarto dia de passeio: vivência cultural pela região de Cochamó

Nos deslocamos para a região de Cochamó para visitarmos um artesanato local, onde conhecemos de perto a produção artesanal de lã. Aprendemos sobre cada etapa, desde a tosquia das ovelhas, passando pela lavagem e tingimento, até chegarmos no processo final de confecção. É uma experiência que nos faz pensar em todo o processo de fabricação, muito diferente de quando você vê o produto à venda em uma loja. Além disso, foi muito interessante para aflorar os sentidos… o tato, o olfato e a visão. 

De lá, fomos para o nosso último passeio, que foi puro relaxamento: as Termas del Sol, 10 piscinas termais, com temperaturas que variam entre 36º e 45º, espalhadas em uma passarela de 300 metros. Começamos com a de 36º, depois fomos para a de 38º e por fim entramos na de 41º. Nesta última, o corpo físico já sentiu um pouco mais. Era bem quente! 

E assim fechei com chave de ouro essa viagem incrível pelos Lagos Andinos. Uma experiência que levarei em meu coração para sempre!

Para quem eu indicaria este roteiro?

Indico para todos que gostam de contemplar a natureza, para quem curte esportes radicais, para os que procuram experiências culturais e gastronômicas, para quem quer fugir do turismo “óbvio” e explorar uma região ainda pouco conhecida. Bom, deu para perceber que indico esse roteiro para todos, né? Tenho certeza de que você também irá se surpreender com essa região que tem muito a oferecer! 

Ficou com vontade de conhecer os Lagos Andinos?

Fale conosco e venha viver dias recheados de paisagens exuberantes e sabores locais junto com um povo muito receptivo e orgulhoso de suas tradições. 

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