Em casas de palha nos vilarejos da região montanhosa, ao norte da Tailândia, vivem as mulheres girafas. Sorridentes e com andar altivo, essas mulheres pertencem à tribo dos Karen Padaung, uma das tribos que, há cerca de 60 anos, fugiram da brutalidade do regime militar na vizinha Myanmar (antiga Birmânia), procurando refúgio nas montanhas do noroeste tailandês. Para esse grupo, o centro da alma é o pescoço, responsável por proteger os habitantes, e a identidade da tribo.
Os Padaung também acreditam que a beleza da mulher é proporcional ao comprimento de seu pescoço. E, para que ele cresça cada vez mais, aros são colocados nesta região do corpo ainda na infância — a partir dos cinco anos de idade —, de forma que na idade matrimonial, as mulheres já possuam uma distância entre a cabeça e os ombros entre 25 e 30 centímetros. Elas também usam aros nos pulsos e tornozelos para que os mesmos afinem. Até o final de suas vidas, uma mulher girafa pode carregar mais de 10 quilos de aros no pescoço. Somando estes aros ao peso dos anéis e aros usados em outras partes do corpo, uma mulher chega a carregar até 20 quilos.
Essas argolas provocam uma espécie de ilusão de ótica. À primeira vista, a impressão é que o pescoço é mais comprido. Na verdade, ele é do tamanho normal. O que as argolas fazem é pressionar os ossos da clavícula, fazendo uma deformação na caixa torácica.
Para cada inserção de aro, é realizada uma cerimônia: sempre na lua cheia, a curandeira da comunidade massageia delicadamente o pescoço da mulher ou menina. Os aros são colocados até atingir o número de vinte e cinco e nunca são tirados.
Não se sabe exatamente quando esta tradição começou, uma vez que o povo padaung foi oprimido por sucessivos regimes ditatoriais ao longo de sua história. No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, com os conflitos entre a população e o regime militar de Mianmar, parte dos membros dessa comunidade que habitava o Estado de Kayah, fugiu para a zona fronteiriça da Tailândia. O reassentamento forçado, a falta de representação política, entre outras violações dos direitos humanos têm justificado a onda de migrações da etnia para a Tailândia, onde a tribo atualmente vive sem autonomia e em condições socialmente incertas.
O censo realizado em 2009 estimou que ainda existem cerca de 130.000 membros do grupo, dos quais cerca de 600 residem em três aldeias situadas ao norte do território tailandês. Apesar de o governo local ter concedido a eles a condição de refugiados, a situação não é das melhores: eles podem habitar apenas áreas determinadas pelas autoridades e não conseguem obter a cidadania do país. Além da colheita de alguns produtos orgânicos, as comunidades basicamente sobrevivem a custo do turismo.
A celebração de um novo ano
A religião das mulheres-girafa, conhecida como Kan Khwan, reúne influências do budismo tailandês e de práticas ancestrais que consideram sagrados o cosmo, a natureza e todos os seres vivos. O festival de Kay Htein Bo ocorre anualmente, em abril, na província de Mae Hong Son, antes do início da estação chuvosa (que perdura na região, do mês de maio até outubro). Na ocasião, seu deus criador é celebrado e oferendas são feitas aos espíritos para que tenham uma colheita abundante e boa saúde durante todo o ano. É essa a oportunidade para conferir a unificação de diferentes vilas da tribo padaung, das crianças às anciãs, que recebem timidamente seus visitantes. Durante o festival, uma sequência de adivinhações é feita utilizando ossos de galinhas, a fim de prever todo o ano que se segue.
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